terça-feira, 8 de setembro de 2009


Saneamento Básico - O Alicerce do Desenvolvimento Social

por Luiz Fernando do Valle

O saneamento básico é um conjunto de serviços essenciais para a vida nas cidades. É uma atividade econômica que busca atender a população em geral com abastecimento de água potável, tratamento de esgoto, e algumas pessoas incluem o lixo nessa categoria. É fundamental sua existência para a saúde das pessoas e a preservação do meio ambiente em geral.
Esses serviços são prestados por empresas públicas ou privadas. Trata-se de uma atividade monopolista devido à inviabilidade econômica de se ter duas ou mais redes de água ou de esgoto de empresas diferentes. Além disso, os investimentos em obras e na manutenção são muito elevados, o que acarreta retornos econômicos e financeiros em prazos longos.
É impraticável pensar em uma sociedade desenvolvida e sustentável sem que haja serviços de saneamento básico para toda a população. Nesse caso, ter parte dos moradores de uma cidade desassistida por esses serviços é demonstração de falta de visão estratégica e do conhecimento de sua importância para a qualidade de vida dos moradores.
Os governantes, normalmente, não valorizam esses serviços como deveriam. Talvez porque eles não sejam percebidos visualmente pelas pessoas no seu dia-a-dia. Como há um grande interesse por obras de impacto eleitoreiro, e as instalações do saneamento básico ficam escondidas sob as vias públicas, esses administradores públicos esquecem-se de que a ausência desses serviços acarreta vários tipos de problemas para a população.
Um dos maiores problemas causados pela falta de saneamento básico é o de saúde pública. A falta desses serviços, principalmente em regiões carentes, é a causa de inúmeras doenças, como a cólera, leptospirose, meningite, diarréia, pólio, febre tifóide, entre outras. São algumas dezenas de doenças causadas pela falta de saneamento básico que destroem a saúde das pessoas e, conseqüentemente, suas famílias, causando grandes prejuízos para toda a sociedade.
O governo parece não enxergar que por trás desse problema de saúde pública escondem-se conseqüências gravíssimas para toda a estrutura social. As doenças afastam milhares de pessoas dos seus empregos, levando-as a depender da Previdência Pública, o que gera dispêndios de grandes somas do próprio governo, recursos estes que poderiam ser usados para fazer as redes de esgoto que teriam evitado esse problema.
Na grande maioria das cidades do Brasil não existe tratamento de esgotos. Eles são jogados in natura nos rios ou mares. O saneamento básico utiliza mais de 21% dos recursos hídricos de nosso País, e a grande maioria desses recursos volta à natureza em forma de esgotos sem nenhum tipo de tratamento.
A conseqüência disso é que a poluição decorrente desse crime ambiental causa sérios problemas para todos nós. A água é um recurso natural indispensável à vida. Sendo assim, é muito importante a sua preservação.
Além da poluição, o consumo de água per capita no Brasil dobrou nos últimos 20 anos enquanto a disponibilidade de água ficou três vezes menor; e pior, há muito desperdício. Cerca de 30% da água tratada é desperdiçada em vazamentos pelas ruas. Na Grande São Paulo desperdiça-se 10 m3 de água por segundo, o que daria para abastecer diariamente cerca de 3 milhões de pessoas.
Há ainda os nossos hábitos culturais, como deixar a torneira da pia aberta em nossa higiene pessoal, tomar longos banhos ou lavar as calçadas ou carros com grande desperdício de água. Pelos cálculos do Ministério do Planejamento, perdem-se até 40% dos 10,4 milhões de litros consumidos anualmente no País.
Por tudo isso, a solução desses problemas passa por mudanças importantes e imediatas que nos levarão a repensar nossos hábitos e necessidades, e o governo a repensar sua responsabilidade por essa crescente demanda por melhores condições de saneamento.
O saneamento básico deveria ser considerado pelo governo e pela sociedade em geral como obra essencial e de extrema importância para as nossas vidas. Os investimentos alocados para a execução das estações de tratamento, redes e toda a malha necessária para o seu funcionamento deveriam ser priorizados sobre outros investimentos, pois a existência desses serviços resolveria vários tipos de problemas.
Enfim, já erramos o suficiente para saber o que não devemos fazer. Todos, governo e sociedade, devem juntar-se em um trabalho que envolva obras do governo e de conscientização da população para mudarmos esse quadro inacabado e injusto com os mais necessitados, mas com reflexo para toda a população.